Crítica Lérias e Lixos – 13/09/2011

Resenha de “Hedwig e o Centímetro Enfurecido”

Meu primeiro contato aconteceu com o filme de 2001, “Hedwig – Rock, Amor e Traição” (no original “Hedwig and the angry inch”), dirigido, escrito e protagonizado por John Cameron Mitchell – também responsável pelo texto da versão Off-Broadway do musical de 1998. Agora, em São Paulo, o rock musical está em cartaz no Teatro Nair Bello e traz novidades em relação às demais montagens.

A história é sobre Hedwig, um transexual da Alemanha Oriental que conta sua vida em forma de show de rock. Ela fala da época em que era um menino e morava com a mãe na Alemanha socialista, sobre o casamento com um militar norte-americano, sobre a operação de mudança de sexo que dá errado (ficando assim com um “centímetro enfurecido”), sobre a ida para os EUA, sobre o trabalho como babá, sobre a paixão por Tommy, sobre o fracasso e, claro, sobre a sua paixão pelo rock.

Diferente dos musicais tradicionais e da versão original feita no formato de monólogo, a montagem brasileira traz dois atores no papel principal: Pierre Baitelli e Felipe Carvalhido (substituindo Paulo Vilhena na versão paulista). O diretor, Evandro Mesquita — o Paulão da “Grande Família” e famoso pela banda “Blitz” –, acredita que, graças à bipolaridade de homem/mulher da personagem, foi possível que dois atores pudessem encarnar a mesma personagem em cena. E ficou bem feito! Uma bela dramaturgia que faz com que toda essa salada mista fique bem resolvida e esclarecida para a plateia.

Pierre Baitelli mostra a sua evolução como ator e cantor desde o “Despertar da Primavera”, peça em que fez o papel principal ao lado de Malu Rodrigues e Rodrigo Pandolfo. É a primeira vez que vejo o ator Felipe Carvalhido em cena e fiquei muito satisfeito com ele. A atriz Eline Porto, que também atuou com Baitelli em “Despertar”, ganha mais espaço nesse musical e mostra seu talento vocal.

Com montagem compacta e dramaturgia diferente, “Hedwig e o Centímetro Enfurecido” é uma peça perfeita para os amantes do rock, da música alternativa e para pessoas que não possuem que lutam contra os preconceitos. Afinal, a história de um transexual na Alemanha Oriental na década de 80 não cheira muito bem para boa parte das pessoas. É uma pena, pois a peça é excelente e foi indicada a dois prêmios Shell – um de melhor ator para Pierre Baitelli e outro de direção musical para Evandro Mesquita e Danilo Timm (também do “Despertar”).

Postado por Felipe Guimaraes em http://www.leriaselixos.com.br/resenha-de-hedwig-e-o-centimetro-enfurecido/

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