IG SP Ultimo Segundo parte 2 – 09/10/11

Em cartaz em São Paulo, musical “Hedwig e o Centímetro Enfurecido” mostra vigor

Perucas, salto alto, rock ‘n’ roll e drama dão o tom de espetáculo que foge das armadilhas

Continua em cartaz em São Paulo o espetáculo “Hedwig e o Centímetro Enfurecido”, depois de passar por temporada carioca. No Rio, a montagem contava com a presença do astro global Paulo Vilhena, agora substituído pelo ator Felipe Carvalhido.

A peça é uma versão brasileira do original de John Cameron Mitchell, que estreou no circuito off-Broadway em 1998. O americano Mitchell escreveu e estrelou a montagem, que foi parar nos cinemas em 2001, com o título de “Hedwig and the Angry Inch” – no Brasil, o filme chegou como “Hedwig – Rock, Amor e Traição”. Mitchell dirigiu e estrelou o filme.

Entrevista: o diretor Evandro Mesquita fala sobre versão brasileira de “Hedwig”

 

Foto: Divulgação

“Hedwig e o Centímetro Enfurecido”: sucesso do circuito off-Broadway no Brasil

Agora, o texto faz o caminho inverso e volta aos palcos, em sua primeira adaptação brasileira. A história narra a saga de Hedwig, cantora de rock, uma transexual nascida na Alemanha e que vive às voltas com seus dramas sentimentais, familiares e sexuais – sempre sofrendo interferência do panorama político de seu país.

Quando a peça se inicia, Hedwig já fugiu da Alemanha, depois de passar por uma desastrada cirurgia de mudança de sexo, que deixou algumas polegadas de seu órgão sexual original – daí o título do tal “centímetro enfurecido”. A personagem passa então a narrar, em flashback, os acontecimentos de sua infância e juventude.

Entre essas memórias, surge a complicada relação com a mãe – Hedwig vivia sozinha com ela –, a convivência competitiva com Yitzhak, uma espécie de “roadie” da banda de Hedwig, e o romance fracassado com o garoto Tommy Gnosis, que se transforma em um astro mundial de rock, para desespero de Hedwig.

Enquanto vai desfiando suas lamentações, a cantora interpreta diversos números musicais, sempre acompanhada de sua explosiva banda, que se assemelha a um grupo de punk rock. As histórias vão se intercalando sem ordem cronológica, compondo assim o retrato da protagonista.

Foto: DivulgaçãoAmpliar

Felipe Carvalhido, uma das metades de Hedwig

Interpretando Hedwig, dois atores se revezam no palco: Pierre Baitelli e Felipe Carvalhido. Esta é uma decisão inédita: pela primeira vez, a personagem foi dividida entre dois intérpretes. Pierre e Felipe repartem as dores e os deboches de Hedwig, apresentando uma criatura quase “bipolar”, onde um completa o trabalho do outro. Enquanto Baitelli segue uma linha caricata e escrachada, cheia de humor ácido, Carvalhido envereda por uma criação mais densa e sofrida, dando uma dimensão amarga para a personagem.

Ambos mostram um trabalho memorável, inclusive nas canções, o que não é surpresa considerando que os dois atores possuem experiência no terreno musical – Baitelli estrelou “O Despertar da Primavera”, dos reis do musical brasileiro, Charles Moeller e Cláudio Botelho, e Carvalhido encarnou o Capitão Gancho em “Peter Pan – Todos Podemos Voar”, montagem estrelada por Leonardo Miggiorin.

A direção da montagem brasileira é de Evandro Mesquita, que também assina a adaptação do texto. Figura carimbada do cenário pop brasileiro, Mesquita surgiu nos anos 70, no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, ao lado de Regina Casé e Luiz Fernando Guimarães, entre outros. Nos anos 80, foi o líder da banda Blitz, que acabou sendo ressuscitada por ele nos últimos anos. Atualmente, ele faz parte do elenco fixo da s”Hedwiitcom da Globo “A Grande Família”.

Com toda essa bagagem, Evandro Mesquita tem credenciais de sobra para conduzir o espetáculo. E contou com a ajuda de Danilo Timm para executar a direção musical da peça – recebendo por ela duas indicações ao Prêmio Shell. Pierre Baitelli também foi indicado ao Shell, como Melhor Ator.

Indicações mais do que merecidas, pois o espetáculo existe basicamente em função da parte musical e da criação dos dois atores. Ao longo da peça, a banda desfila petardos roqueiros entremeados por baladas líricas, que vão envolvendo a platéia até o final apoteótico.

“Hedwig e o Centímetro Enfurecido” surge como uma opção imperdível, seja para fãs de rock, de cultura pop, para o público gay, ou simplesmente para apreciadores de uma montagem vigorosa, que consegue misturar drama com música sem cair na armadilha de ser apenas um show de rock em palco de teatro.

 

Postado por Lufe Steffen em http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/em-cartaz-em-sao-paulo-musical-hedwig-e-o-centimetro-enfurecido-mostra-vigor/n1597264557171.html

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