O centímetro enfurecido
“Hedwig e o Centímetro Enfurecido” (“Hedwig and the Angry Inch”, no original) surgiu na Off-Broadway em 1998, e ganhou uma adaptação cinematográfica em 2001, feita por John Cameron Mitchell.
Além de ter protagonizado, escrito e dirigido o filme (conhecido no Brasil como “Hedwig: Rock, Amor e Traição”), Mitchell escreveu e protagonizou a personagem na produção teatral. Agora em São Paulo, em cartaz no Teatro Nair Bello, a montagem brasileira do rock musical traz novidades em relação às demais montagens.
A história é sobre Hedwig, um transexual que foge da Alemanha Oriental socialista se casando com um militar norte-americano e realizando uma operação de mudança de sexo. Mesmo conseguindo fugir da Alemanha, a operação não dá certo e Hedwig fica com um “centímetro enfurecido”. Desse modo, ela conta sua vida para a plateia em forma de show de rock.
Diferente dos musicais tradicionais e da versão original montada em forma de monólogo, a versão brasileira do espetáculo traz dois atores no papel principal: Pierre Baitelli e Felipe Carvalhido (substituindo Paulo Vilhena na montagem paulista).
O diretor do espetáculo, Evandro Mesquita, acredita que, graças à bipolaridade da personagem entre ser homem/mulher, foi possível fazer com que dois atores contracenassem a mesma personagem em cena. E Mesquita acertou em cheio! A peça é dinâmica e nada fica confuso.
Pierre Baitelli, que está na nova temporada de “Malhação”, mostra seu desenvolvimento como cantor e cantor desde o espetáculo “O Despertar da Primavera”. Felipe Carvalhido está muito bem em cena e tira muitas risadas do público. Foi a primeira vez que vi o ator em cena e fiquei muito satisfeito. A atriz Eline Porto, que contracenou com Baitelli em “Despertar…”, ganha mais espaço nesse musical e esbanja seu talento vocal.
Com uma montagem compacta e com apenas um cenário, “Hedwig e o Centímetro Enfurecido” remete um pouco da montagem de “O Despertar da Primavera”. Mesmo sendo peças diferentes, ambas falam de temas polêmicos cantados através do rock e com cenários modestos, o que é ideal para esse tipo de espetáculo underground e que faz com que esses dois espetáculos sejam sensacionais pelo modo que são feitos.
Por Felipe Gonçalves Guimarães em http://blogdofolhateen.folha.blog.uol.com.br/arch2011-10-02_2011-10-08.html#2011_10-06_19_27_30-148324088-0 |